Desdobrável

Podem me chamar de fria, cética, forte e geniosa.
Me defendo.
As pessoas têm sido egoístas demais a ponto de eu não julgar necessário mais de um dia de luto e voltar a me recompor, seguir adiante.
Pode dar piti, esnobar, fazer inferninho...
Mensagens felizes no seu msn não me importam mais. Se você acabou de me deixar e se tornou a pessoa mais feliz do mundo. Ponto pra você!
Minha felicidade não precisa ser escancarada. Ela se encontra onde você nunca conseguiu chegar e contribuir.
Deus não é surdo para que eu precise gritar.
O quebra-cabeça da minha vida cria peças novas a cada dia.
A sua não encaixa mais, peça perdida!
O que me motiva são encontros (inesperadamente) felizes, tardes quentes e boas histórias pra se escutar.
Aquele meu paquerinha da quarta série me fez mais feliz. E mesmo que esteja no meio de uma multidão ao encontrá-lo hoje sentirei-me repetidamente feliz. O olhar dele continua o mesmo daqueles trocados durante a aula de Estudos Sociais. As mãos dadas no escurinho de uma festinha de fim de semana quando meu pai me buscava meia-noite, hoje são trocadas por longas conversas regadas por elogios pelo que nos tranformamos.
Não sei como terminar este texto, ele não têm fim ou alguma conclusão com frase de efeito.
Apenas sei que: Minha felicidade está a cada dia pronta para me encontrar...

"...Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou."
Adélia Prado

Por: Divã Loira